Bate-papo com profissionais Candidatos

Ser Advogado por Vivian Macedo

Fui motivada a fazer o curso de direito pelo meu ortodontista. Até então, tinha certeza que minha vocação estava na área de Exatas. Hoje, tenho certeza que meu ortodontista, que me via periodicamente, em razão da manutenção do meu aparelho dentário, me conhecia muito melhor do que eu mesma, no momento da escolha da minha profissão.

É impressionante que, quando fazemos a escolha por um curso superior aos 16/17 anos de idade, não temos a menor ideia do que seremos no futuro ou o que encontraremos pela frente. Quando iniciei a Faculdade de Direito tinha certeza de que meu futuro profissional se voltaria para a área da Infância e Adolescência, no âmbito de Direito de Família. No entanto, durante a graduação, você se depara com inúmeras disciplinas que desconhecia e pelas quais você se apaixonará.

Eu sempre digo que, para se cursar Direito, você deve amar a profissão. O curso seria exaustivo demais para quem não está apaixonado, pois exige muito estudo, leitura e é extremamente teórico, com pouquíssima experiência prática, se você não optar por um estágio fora da faculdade.

Por pressão dos meus pais, eu optei em fazer estágio somente no 7º período da faculdade o que, hoje, julgo ter sido uma escolha acertada. Nos primeiros anos de faculdade, procurei focar mais nos estudos, o que foi essencial para melhor compreender a prática jurídica, pois os primeiros anos de faculdade são a base para a compreensão do Direito.

O meu primeiro estágio foi em escritório de advocacia de médio porte, com forte atuação em direito bancário, o que foi o maior motivador para meu ingresso, uma vez que, já me encontrava em mais da metade do curso e havia descoberto minha paixão pelo direito processual civil e direito empresarial.

Tive a oportunidade de, logo de início, trabalhar com uma advogada extremamente competente e que, em vez de me colocar como sua secretária (situação muito comum para estágios em grandes escritórios), estava preocupada com a minha formação profissional e me oportunizou a realizar peças processuais e acompanhá-la em audiências. Essa experiência me fez ter a certeza de que escolhi a profissão correta e tive a oportunidade de, no meu primeiro estágio, saber exatamente o que eu faria na minha vida.

Neste estágio me foi oportunizada a contratação após a minha formatura e lá continuei por dois anos. Meu crescimento lá foi muito rápido e, por ter sido minha primeira experiência profissional na área e, certa de que o meu crescimento ali estaria limitado, acreditava que uma experiência dentro de uma grande empresa me acrescentaria mais.

Assim, entrei para o jurídico interno de um Banco e lá encontrei a minha primeira frustração profissional. Percebi que os jurídicos internos de empresas, na área contenciosa, geralmente terceirizam a prestação de serviço de advocacia aos escritórios e que o trabalho seria mais administrativo do que no direito em si. Ao contrário do que eu previa, o crescimento dentro de um jurídico de empresa é mais horizontal do que vertical e, caso você não almeje sair da área do direito para um cargo gerencial, seu crescimento estará limitado.

Enfim, por verificar que, naquele momento, o trabalho dentro do jurídico interno de uma empresa não me satisfaria, optei por focar um ano da minha vida aos estudos e tentar um concurso público.Descobri que, estudar para concurso público não é para qualquer pessoa e você tem que ter muita certeza daquilo que você quer, pois exige muita dedicação e disciplina. Por um período talvez longo, você  tem que abrir mão de muitas coisas para que o objetivo seja alcançado. Para quem gosta muito de advogar, me sentia frustrada, pois sentia como se nada tivesse sendo produzido por mim.

Ter passado por um jurídico interno e, por um curto período ter tentado concurso público, me fez perceber que, por sorte, minha primeira experiência profissional era exatamente o que eu gostava de fazer, então voltei a advogar, coordenando a carteira de processos de um Banco no escritório que atuo hoje há quase três anos.

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Percebi que precisamos experimentar, mas com dedicação a qualquer experiência que você tiver.Hoje, trabalho com uma equipe de advogados e estagiários e percebo que o perfil do estudante e recém-formados hoje mudou. Os estudantes têm buscado fazer estagio desde os primeiros períodos e a faculdade tem ficado de lado. Com isso, o conhecimento teórico tem diminuído, o que tem refletido nos resultados do Exame da OAB, que a cada ano reprovam mais.

O estágio é de extrema importância na vida acadêmica, mas para minha carreira, em nada prejudicou ter iniciado mais tarde. Pelo contrário, eu tinha uma maturidade jurídica maior para lidar com os desafios que me eram apresentados quando iniciei minha vida profissional, bem como me mostrou um bom rendimento no exame da OAB, requisito obrigatório para a maioria das carreiras jurídicas.Hoje, em exames de seleção, percebo que o profissional recém-formado, em sua maioria, apesar de possuir experiência prática, tem pouco conhecimento jurídico e pouca qualificação.

O mercado está saturado, com muitos profissionais recém-formados e, consequentemente, existem muitas vagas com salários baixos nos maiores escritórios. Para se destacar nos escritórios de advocacia e buscar as melhores vagas, o profissional do direito tem que buscar sua qualificação, através de um curso de graduação bem feito, com a realização de estágios que realmente agreguem sua carreira e com a realização de pós- graduações, MBA’s ou Mestrado. Do contrário, ficará estagnado em vagas de menor relevância.

Vivian Macedo tem 30 anos, é formada pela  Faculdade de Direito Milton Campos e tem especialização em Direiro de Empresa pelo IEC/PUC Minas. Hoje, é Coordenadora jurídica no escritório Sette Câmara, Corrêa & Bastos.

O Contratanet agradece Vivian pela participação, esperamos que tenham gostado!

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